Esse livro é uma mistura de autobiografia, e reflexões sobre racismos. São tempos tão estranhos que me inspirar torna-se muito necessário, então tenho lido biografias de pessoas que admiro.
Lázaro é muito conhecido como ator, mas ele também trabalha como diretor, produtor e apresenta um programa de entrevistas chamado Espelho no canal Brasil. O interessante no seu livro é o questionamento sobre o próprio papel que ele exerce na sociedade brasileira, sendo um homem negro, retinto, bem sucedido, e em uma posição de destaque.
Uma curiosidade bacana é a origem familiar dele, que foi criado na Ilha do Paty, uma ilha, bem pequena a 74 km de Salvador, Bahia. Onde a maioria da população é negra. Lázaro comenta que se ver como “diferente” e sentir o racismo na pele, veio só depois de sair da ilha.
Há comentários sobre sua trajetória no teatro, quando foi morar em Salvador e tentar a vida, seu encontro com Wagner Moura, logo no início da carreira, que gerou grandes parcerias, até sua consolidação como artista nacional de cinema, televisão e teatro. Sempre com um olhar atento e reflexivo sobre os desafios enfrentados por um homem negro, como por exemplo não se enquadrar no papel de galã de uma novela.
Há também, reflexões sobre criar filhos negros, sabendo que tendo boas condições, seus filhos provavelmente são os únicos na escola particular cara, etc
No fim da obra ele indica livros e documentários que fortalecem a discussão sobre racismo. E dá, digamos, conselhos a outros negros sobre como se fortalecer.
Destaco um dos tópicos:
” Ganhar dinheiro sim. O dinheiro tem que circular por mãos pretas. Culpa de ganhar dinheiro nunca fez muito sentido (…). Para o bem e para o mal, o dinheiro é um propulsor. Ser bem remunerado e realizar seus projetos são, sim, metas importantes.” P.145
Por fim, recomendo a leitura a todos, escrita fácil e divertida.
Até a próxima indicação!