Experiências Fantásticas: Genilson Geraldo

Com muita satisfação e alegria venho contar a todos(as) leitores(as) do Blog Santa Biblioteconomia sobre minha experiência ao participar da 58° Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas, representando a
International Federation of Library Association and Institutions (IFLA), em Nova Iorque, em fevereiro deste ano.


Para contextualizar a minha participação neste importante evento,
preciso contar um pouco sobre meus estudos científicos que se iniciaram na época em que cursava o curso de graduação em Biblioteconomia na Universidade Federal de Santa Catarina (2014-2018), dando continuidade no
mestrado em Ciência da Informação do qual atualmente estou participando.
Desde a minha época de discente do curso de graduação, nos trabalhos
acadêmicos e, especificamente, na elaboração do meu Trabalho de Conclusão de Curso, vinha estudando e desenvolvendo pesquisas sobre a Agenda 2030 e os Objetos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A minha pesquisa tratou de analisar os trabalhos apresentados no XXVII CBBD (realizado em Fortaleza em 2017), visto que o tema prioritário foi “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: como as bibliotecas podem contribuir com a implementação da Agenda 2030”.

A agenda 2030 foi elaborada em uma grande ação conjunta de 192
países, membros das Nações Unidas e oficialmente apresentada para
humanidade em setembro de 2015, na sede das Nações Unidas em Nova
York. Com isso, os países membros se comprometeram a disseminar e
incentivar a implementação da Agenda e seus objetivos e metas, tanto nas
iniciativas governamentais, quanto nas não governamentais. Esta Agenda
possui um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
juntamente com 169 metas, incentivando ações e projetos que contemplem as quatro dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, econômica, social e institucional.

Atualmente, no Mestrado em Ciência da Informação, venho desenvolvimento, juntamente com minha orientadora Profa Dra. Marli Dias de Souza Pinto no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação
(PGCIN-UFSC), um estudo sobre a Sustentabilidade Informacional nos
Tribunais Regionais Federais (TRF’s), com o objetivo de analisar as ações
sustentáveis que vem sendo desenvolvidas nestas instituições e que, consequentemente, envolvam a influência dos profissionais bibliotecários e
arquivistas.

Além disso, desenvolvemos outras ações em prol do Desenvolvimento
Sustentável: a) ações do Programa Internacional Advocacy Program (IAP) da IFLA/FEBAB, sobre Agenda 2030 e os ODS nos cursos de biblioteconomia de Santa Catarina; b) um perfil na rede social Instagram, chamado de
@sustentabilidadeinformacional, criando postagens diárias sobre atitudes,
estudos, reportagens e curiosidades sobre a temática da sustentabilidade,
desenvolvimento sustentável, desenvolvimento social e outros assuntos
correlatos; c) e, recentemente, foi lançada uma nova disciplina no curso de
pós-graduação em Ciência da Informação (PGCIN-UFSC), intitulada
“Sustentabilidade Informacional” ministrada pela minha orientadora supracitada com a minha monitoria.

Neste contexto, em contato com algumas pessoas que fazem parte da
diretoria da IFLA, recebi no mês de outubro de 2019, o convite enviado pelo o Sr. Gerald Leitner, secretário geral da federação, para participar, como representante da instituição, da 58° Comissão de Desenvolvimento Social na sede das Nações Unidas em Nova York nos dias 10 a 19 de fevereiro de 2020.

Fiquei super feliz e lisonjeado com o convite, e, claro, logo aceitei a grande
responsabilidade.

Desta forma, tive aproximadamente três meses para me organizar para
partir para essa grande missão. Contei com o apoio da Diretoria da IFLA, do
coordenador do PGCIN-UFSC, Prof. Dr. Adilson Luiz Pinto, da minha
orientadora Profa. Dra. Marli Dias de Souza Pinto e, também com orientações valiosíssimas da Presidente da Federação Brasileira de Associações Bibliotecárias (FEBAB), a bibliotecária Adriana Ferrari, tanto para a realização da viagem, quanto na contribuição na elaboração de dois textos importantes relacionados ao evento. O primeiro, tratando especificamente sobre a importância do acesso à informação por meio das bibliotecas e demais Unidades de Informação, foi adicionado a Declaração da Sociedade Civil da Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas; e o segundo, foi a declaração oficial da IFLA/FEBAB sobre a temática central do evento.

Sede das Nações Unidas em Nova York
Biblioteca Pública de NY
ODS

A temática principal do evento tratou sobre sistemas de habitação e
proteção social acessíveis para todos, para lidar com as pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social e contou com participação de membros de Estados, Instituições, Associações e Organizações da Sociedade Civil de vários países. Com isso, a 58º Comissão de Desenvolvimento Social, teve como objetivo adotar e desenvolver estratégias nacionais intersetoriais
abrangentes e intervenções políticas específicas para lidar com as pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social.

Sala da Conferência

Esta comissão buscou incentivar os governos nacionais e locais a
melhorar o acesso à habitação a preços acessíveis por meio de políticas
habitacionais integradas e medidas de proteção social, incluindo proteção
social tanto na demanda quanto na oferta. Também convidou os governos
nacionais e locais, em colaboração com o setor privado e as comunidades
locais, a estimular o fornecimento de uma variedade de opções de moradia
adequadas, seguras e acessíveis para membros de diferentes grupos de renda da sociedade.

Um grande resultado, desenvolvido por meio deste evento, foi a
elaboração de uma resolução adotada nesta 58º sessão da Comissão de
Desenvolvimento Social, apelando aos países membros para combater a
discriminação e estereótipos negativos contra pessoas que vivem em situação de rua, inclusive fortalecendo leis antidiscriminação, advocacia e
conscientização de uma política de moradias populares, que, embora
essencial, não é suficiente para acabar com as pessoas em vulnerabilidade
social, acompanhada de outras medidas, como políticas de proteção social.
Particularmente, foi uma experiência única, de estar presente a um
evento de importância internacional nestes 10 dias de imersão a esse universo das Nações Unidas, haja vista a oportunidade de encontrar outras pessoas interessadas em áreas afins, trocas de contatos, atualizações de informações e dados, e a satisfação e realização de um grande sonho de participar e conhecer a sede das Nações Unidas.

Esta participação proporcionou uma visão clara e esperançosa sobre a
melhoria do desenvolvimento social de nosso planeta. Conhecendo de perto grande parte das ações, iniciativas realizadas e planejadas nos países,
instituições e associações sociais presentes neste evento. Pontualmente, por
meio de muitas declarações realizadas pelos participantes, destaco a importância da disponibilização e acesso a informações e dados fidedignos da real situação social dos países.

Importante frisar que, por meio da disponibilização fidedigna dos dados e
informações, a comissão de desenvolvimento social pode descobrir, analisar e traçar ações que possam visar à melhoria social do planeta. Ressaltando assim a importância da organização, disseminação e acesso a informação, vindo ao encontro do trabalho desenvolvido pelos bibliotecários, bibliotecas, cientistas da informação e gestores de unidades de informação, que dispõem de qualidade técnica para a organização e recuperação da informação.

Neste cenário, em um dos eventos paralelos, tive a oportunidade de
pronunciar a declaração da IFLA/FEBAB sobre a temática principal do evento.

Pude descrever um pouco sobre a importância da inclusão das bibliotecas
como entidades de apoio sociocultural às pessoas em situação de rua e em
vulnerabilidade social.

Destaco alguns trechos da declaração em que a IFLA/FEBAB expõe
que: “[…] as bibliotecas são uma parte essencial da infraestrutura social de
qualquer comunidade e, portanto, podem ser parceiras importantes nos
esforços para combater as causas e os efeitos das pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social” (…). “Para muitas pessoas que vivem sem-teto, a oportunidade de usar uma biblioteca significa ter um local seguro para relaxar e participar da vida cultural da comunidade. Como muitos casos em todo o mundo mostram, ajudando as pessoas que vivem em situação de rua a se sentirem bem-vindas, as bibliotecas também ajudam a quebrar barreiras com o resto da sociedade” (…). “[…] solicitamos que a comissão inclua as bibliotecas como serviços públicos essenciais, ao lado de escolas e hospitais para ajudarem a todos a melhorar sua situação e encontrar uma resposta de longo prazo para as pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social”.

Enfatizo ainda, a oportunidade de conhecer a  Biblioteca Dag
Hammarskjöld das Nações Unidas, na qual fui recepcionado carinhosamente pela bibliotecária Ramona Kohrs, que é coordenadora de extensão e desenvolvimento profissional da instituição. Pude conhecer toda a infraestrutura da instituição, além de visualizar todo seu riquíssimo acervo global e dos documentos oficiais das Nações Unidas, disponibilizados também em sua biblioteca digital: https://digitallibrary.un.org/

bibliotecária Ramona Kohrs

Aproveito a oportunidade para agradecer imensamente a IFLA/FEBAB
pelo honroso e especial convite para representá-la, sendo com certeza um
momento que ficará marcado em minha história pessoal, profissional e
acadêmica. Ao PGCIN-UFSC, em especial ao Prof. Dr. Adilson Luiz Pinto e a
Profa. Dra. Marli Dias de Souza Pinto, agradeço por todo apoio e credibilidade.


Aos amigos, familiares e principalmente ao meu companheiro Deunézio
Cornelian Junior, por toda força, torcida e mensagens de sucesso e apoio. E
claro, ao convite feito pela equipe do Santa Biblioteconomia para contar um pouco sobre essa maravilhosa experiência.

Finalizo, deixando uma mensagem a todas, todos e todxs amigos
estudantes, pesquisadores e bibliotecários, baseada na Declaração da
Sociedade Civil da 58º Comissão de Desenvolvimento Social das Nações
Unidas:
“Um lar é uma das necessidades humanas mais básicas, sem as quais
um ser humano deve viver circunstâncias precárias nas ruas, debaixo de
pontes, em favelas ou em terras públicas, em áreas desprotegidas e estruturas improvisadas inseguras, com direitos limitados, poucos meios para realizar seu potencial e sem o acesso à educação e informação. Ainda, o número de indivíduos e famílias vulneráveis ​​que vivem sem casa está crescendo em países de baixa, média e alta renda em todo o mundo. É um problema além das fronteiras. Existe em todos os países e em contextos urbanos, suburbanos e rurais. É necessário darmos o próximo passo e relacionar a habitação aos sistemas de proteção social para fornecer segurança de um lar para aqueles presos na pobreza e sujeitos a discriminação e a vulnerabilidade. Vamos juntos dedicar nossos esforços como profissionais bibliotecários, realizando ações sociais à essas pessoas em vulnerabilidade social, sejam em nossas bibliotecas, unidades de informação, centros de documentação e informação ou em estudos científicos, com o objetivo de auxiliá-los em busca de uma vida digna e humana, em todas as suas diversas circunstâncias, manifestações e onde quer que ocorra, pois pretendemos alcançar a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, focando uma vida melhor hoje e
para as gerações futuras.

Um grande abraço! E caso queiram obter mais informações, tirar dúvidas
e fazer comentários sobre esta temática, ficarei muito feliz em receber e
responder seus emails.

Contato:
E-mail: genilsongeraldo.biblio@gmail.com
Instagram: @genilsongeraldo e @sustentabilidadeinformacional

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