Olá pessoal hoje nossa entrevista é com o super Wesley Leite, um bibliotecário que foi aprovado em vários concursos concorridos e tem muito a ensinar (:

Santa Biblioteconomia: 1) qual foi o seu primeiro contato com a biblioteconomia? Como foi sua trajetória na universidade ?
Wesley: O meu primeiro contato com a Biblioteconomia foi quando eu tive que fazer uma opção de curso no PAS, uma espécie de vestibular da UnB em que a seleção é feita em cada um dos anos do Ensino Médio. No 3º ano a opção de curso deveria ser informada. Esse foi um período de muitas dúvidas, pois eu não sabia o que queria cursar. Na minha adolescência eu lia muitos livros, e o fato de ter uma biblioteca pública perto da minha casa ajudou bastante no meu gosto pela leitura. Como eu utilizava bastante essa biblioteca, um tio meu sugeriu que eu desse uma olhada neste curso. Até então nunca tinha ouvido falar em Biblioteconomia, apesar de sempre frequentar a biblioteca. Como a gente bem sabe, de um modo geral a nossa profissão ainda não é tratada com o respeito que merece, e isso faz com que muita gente não saiba que existe a profissão de bibliotecário ou o curso de Biblioteconomia. Voltando ao assunto, depois que eu ouvi falar da área, comecei a pesquisar bastante: vi a grade horária no site da UnB, olhei a bibliografia das disciplinas, procurei informações no Guia do Estudante, busquei saber sobre o mercado de trabalho aqui em Brasília e gostei muito do curso, pois eu trabalharia num lugar muito bacana, que é a biblioteca, e teria a oportunidade de ajudar os outros numa atividade que eu gosto muito, que é a leitura. Eu diria que essa indicação do meu tio foi o primeiro contato que eu tive com a Biblioteconomia.
A minha trajetória na universidade foi bem legal. Fiz algumas amizades, tinha um convívio bacana com a galera e ainda hoje tenho contato com muitos colegas de curso. Quanto à parte acadêmica, o curso também foi muito bacana. Era muito gratificante ter aula com vários mestres que são referência na nossa área, como o Professor Murilo Bastos da Cunha. No começo do curso eu não tinha muita noção, mas à medida que eu fui lendo a literatura e descobrindo a área, percebi que tinha muita gente de peso no corpo docente. Nas atividades extraclasse eu participei de um projeto de catalogação de discos vinil, que foi uma experiência bem interessante, e fui bolsista por pouco tempo no Repositório Institucional da UnB. No 3º semestre eu passei em um concurso de nível médio e me tornei servidor público. Foi uma experiência boa e ruim ao mesmo tempo: foi boa porque eu estava em um bom emprego, e já conseguia me sustentar; o ruim é que minha vida na faculdade ficou bastante corrida e eu só fui conhecer um pouco mais a realidade de uma biblioteca quando me tornei bibliotecário, porque os únicos estágios que eu fiz foram os supervisionados, devido ao trabalho. Mas eu não me arrependo. Conciliar o emprego, a graduação e os estudos para concursos foi uma experiência bastante desafiadora e prazerosa.
SB: 2) De onde surgiu a vontade de estudar para concursos?
W: A resposta para essa pergunta é bem simples: Brasília não conta com um forte polo industrial e financeiro, e a maioria dos órgão públicos federais estão aqui localizados; aqui há uma grande cultura de se estudar para concurso público; meus pais e alguns familiares são servidores também. Juntando todos esses fatores, posso dizer que este seria um caminho “natural” pra tentar no mercado de trabalho. Um outro fator que me motivou a entrar no mundo dos concursos públicos é que, apesar dos meus pais serem funcionários públicos, na época em que eu passei no meu primeiro concurso só o meu pai trabalhava. Ele tinha que dar conta de sustentar uma família de 5 pessoas. Por conta disso, a situação lá em casa era bastante “apertada”. Até para manter os meus estudos era complicado, pois havia muitos gastos com transporte, alimentação, material de estudo etc. Essa situação difícil me motivou a ir fundo nos concursos. Uma história legal disso tudo é que no primeiro concurso que eu passei, eu e minha mãe estudamos juntos. Resultado: eu passei nas primeiras colocações e fui chamado; ela passou um pouco atrás e foi chamada um ano depois. Passamos no mesmo concurso, mãe e filho!
SB: 3) Qual foi o primeiro concurso que você fez para bibliotecário? Qual foi a sensação?
W: A primeira prova para o cargo de bibliotecário foi a do STJ, em 2012. Eu estava no 5º semestre e foi mais para “treinar”. A sensação foi muito legal. Eu já tinha experiência em fazer provas de nível médio, estava curioso para saber como seria a cobrança para prova de Bibliotecário. Antes de fazer a prova, fiquei um pouco receoso, achando que seria algo extremamente difícil. Mas, à medida que eu fui respondendo as questões, vi que era possível obter um bom desempenho. E isso vale para todo concurseiro na nossa área: todos são capazes de obter bom desempenho, basta se esforçar e estudar bastante. O meu maior receio antes da prova era baseado nas diversas fontes que a Biblioteconomia possui. Parecia um caminho extremamente longo a se percorrer até conseguir obter melhores resultados. Mas, quando fiz a prova percebi que o conteúdo dos livros e artigos e o que a gente aprende em sala de aula nos dá um excelente subsídio para estudar. Apesar das diversas fontes, é possível conseguir boas notas.
SB: 4) Conte um pouco sobre as suas aprovações e sobre o seu método de estudo!
W: Como eu já faço provas há muito tempo, tenho algumas aprovações também em nível médio. As minhas principais aprovações são as seguintes:
NÍVEL MÉDIO
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Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal – 2010: 4º lugar
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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios – 2013: 541º lugar (OBS.: mais de 1.000 candidatos foram nomeados para este cargo).
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Ministério Público da União – 2013: 10º lugar.
NÍVEL SUPERIOR:
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Ministério Público da União – 2013: 4º lugar
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Conselho Administrativo de Defesa Econômica – 2014: 7º lugar.
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Tribunal de Contas do Distrito Federal – 2014: 14° lugar
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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios: 1º lugar.
Quanto ao método de estudo, é muito importante ter organização. Mas, além de organização, é preciso ter eficiência no seu tempo livre. Eu baseio o meu método de estudos em dois aspectos principais: organização e eficiência.
A organização vem antes dos estudos. Quando eu falo “organização”, eu me me refiro à organização na vida como um todo. Salvo raras exceções, a maioria da pessoas que estuda para concursos não dispõe de muito tempo livre. Por isso é tão importante ser organizado. Eu diria que o principal objetivo da organização é otimizar o seu tempo, te dar tempo livre para estudar. Eu acho extremamente importante você saber as atividades que vai fazer durante o dia, e se possível, o horário e duração de cada uma. Não precisa ser uma coisa neurótica, em que tudo deve estar anotado nos mínimos detalhes, mas quando se conhece o que se deve fazer durante o dia, as chances de explorar o tempo livre são melhores, além do ganho de eficiência na execução de cada tarefa. Para se chegar nesse nível de organização, nós dispomos de vários instrumentos simples, como as agendas, os smartphones, os lembretes, etc. Eu não estou aqui dando uma “receita de bolo” e querendo ditar o que é certo e errado, mas a organização das tarefas do meu dia a dia melhorou bastante o meu desempenho nos estudos.
O outro pilar que eu citei no meu método de estudo é a eficiência. De nada adianta conseguir tempo livre para estudar se você não utiliza bem este tempo. Eu já li várias dicas em que as pessoas ensinam que se deve fazer uma grade horária, na qual devem ser inseridos o dia e horário das disciplinas que devem ser estudadas. Na minha visão, a intenção é boa, mas a ideia não. O grande problema que eu vejo nessa técnica da grade horária é o seguinte: o nosso dia a dia é muito dinâmico, e imprevistos e emergências acontecem. Vamos supor que eu utilize o método de grade horária em que eu devo estudar Biblioteconomia pela manhã e português à tarde. Caso eu tenha um compromisso que me impeça de estudar pela manhã, o que eu devo fazer? Compensar o estudo de Biblioteconomia da manhã, ou deixar pra lá e estudar português à tarde? É por este motivo que eu não gosto de estudar por uma grade horária fechada, pois ela não te dá dinamismo. Eu estudo as matérias por ciclos. Pra quem não sabe o que é, o estudo por ciclos é uma forma em que você organiza as matérias que vai estudar em um ciclo. Por exemplo, se eu for estudar Biblioteconomia, Português e Informática, eu monto um ciclo com essas 3 matérias. Se eu começar por Biblioteconomia, a próxima é português, e depois vem informática. Quando eu acabar o ciclo, é só iniciar a ordem novamente. Ou seja, a matéria que eu devo estudar é sempre a próxima do ciclo. Pra quem quiser uma explicação melhor, vale a pena ler esse artigo. O estudo por ciclos é bom porque te dá dinamismo, você consegue estudar vários assuntos dentro da Biblioteconomia, e consegue também equilibrar as outras matérias que você deve estudar.
SB: 5) Você foi o 1° colocado no concurso do TJDFT, uma vaga bem concorrida, com questões difíceis de várias matérias fora do normal do bibliotecário, como foi essa preparação?
W: A minha preparação para o TJDFT foi a mesma que eu faço em todos os concursos: estudo por ciclos e tento fechar totalmente o edital. Uma coisa que eu falo bastante nos meus vídeos é que a gente não deve estudar somente a Biblioteconomia. Tem que levar muito a sério as outras matérias, tentar pontuar bem nelas. Não adianta você saber muito um assunto, sendo que nos outros você é só mediano. Cada matéria tem um limite de questões para cair na prova, então você tem que saber de tudo um pouco. Por exemplo, essa prova do TJDFT foi realizada pelo CESPE. Geralmente, eles cobram entre 20-25 questões de português, o que equivale a 16% da prova. Informática geralmente cai umas 5 questões, e Direito (Constitucional e Administrativo) cai entre 10-20 questões. Isso em uma prova que o erro te pune, pois retira pontos. Só aí eu já citei umas 40 questões que não são de Biblioteconomia. É muita coisa!
Na Prova do TJDFT, eu errei 21 questões, sendo 10 nos conhecimentos básicos e 11 de conhecimentos específicos. Das 120 questões, eu só errei 21, sendo que 50 dessas eram de conhecimentos básicos. Isso reforça que devemos também estudar outras matérias. É o diferencial na aprovação!
SB: 6) Você considera importante o lazer na preparação para os concursos? Separava um tempo específico para isso?
W: O lazer é algo importantíssimo na preparação para concursos públicos. A jornada de quem estuda é muito estressante. A gente tem que lidar com vários tipos de pressões: a psicológica, a de tempo, a de aprendizado e muitas outras mais. Se a pessoa não separar um tempo para relaxar, entra em parafuso. Eu sempre estudei e continuo estudando dessa forma. Eu geralmente estudo em períodos de uma hora, e descanso entre esses períodos fazendo alongamento, esticando o corpo, dando uma volta. Praticar esportes também é importante, pois melhora o condicionamento físico e te deixa renovado. Eu gostava de jogar bola, de correr, teve até um período em que eu fiz natação. Não importa o esporte ou atividade física que você gosta de praticar, o que é importante é que sua saúde física esteja em dia. Além do cuidado físico é importante também relaxar a mente. Então nada melhor do que assistir filme, ver série, passar um tempo com quem você gosta, enfim fazer algo que você gosta e que vá deixar você relaxado. Esse momento de relaxamento é tão importante quanto se dedicar várias horas estudando para concurso. Se eu pudesse resumir o processo de estudo em uma única palavra, eu diria que essa palavra é EQUILÍBRIO.
SB: 7) Já está feliz com seu cargo ou pretende continuar estudando para outros concursos?
W: Eu gosto bastante do órgão e da área onde eu trabalho. O Ministério Público é uma instituição que tem uma missão muito importante para a sociedade. E a área jurídica é repleta de desafios, pois a gente é obrigado a sair da zona de conforto para aprender mais e ter um melhor desenvolvimento profissional. Eu estou curtindo muito o lugar onde eu trabalho. Mas, como nunca sabemos o dia de amanhã, eu sempre estudo, pois eu penso que quem sempre está com boas colocações nos concursos possui mais poder de escolha onde quer trabalhar.
SB: 8) Você tem a sua fanpage, o canal no youtube e já ministrou aulas, gosta desse universo do ensino?
W: Eu gosto muito desse universo. Ao mesmo tempo em que a gente passa o conhecimento para frente, a gente recebe muito mais em troca. Tentar ensinar algo é uma coisa fantástica, pois tira a gente da zona de conforto. E é muito gratificante ouvir depoimentos de pessoas dizendo que foram impactadas de alguma forma pelo nosso trabalho. O blog meio que começou como uma coisa despretensiosa, em que eu queria só um espaço para transmitir algumas ideias minhas, divulgar eventos na área, publicações periódicas e outras coisas que eu achasse interessante, mas eu comecei a falar de concurso, que é uma área em que eu tive muito contato e ainda tenho, e as pessoas foram gostando. Depois que eu conheci o Diego Barros e ele começou a trabalhar comigo no blog, fomos amadurecendo a ideia de criar o canal no YouTube. A gente pretendia passar um pouco do que a gente sabe para frente, não imaginávamos que os vídeos teriam um reconhecimento tão grande.
Apesar de ter feito vários vídeos e já ter ensinado em evento presencial, o que eu mais gosto é de escrever, ensinar através de análises escritas. Mas todas as formas de ensino são muito interessantes, e é uma experiência bastante enriquecedora.
SB: 9) Deixe uma mensagem final aos leitores do Santa biblioteconomia!
W: Continue perseguindo os seus sonhos e objetivos! A caminhada é longa, o processo é árduo, e há muitas dificuldades pelo caminho. Entretanto, a vitória é muito maior do que todas estas dificuldades. E isso vale para qualquer sonho que nós temos, não só para concursos. Persiga incansavelmente o seu objetivo. Antes de tudo, você deve acreditar em si mesmo, acreditar que é possível alcançar. Como nada na vida vem de graça, você deve se preparar, estudar bastante, ter muita organização, tentar evoluir sempre e não desistir. E se não der certo uma vez, recomece e tente novamente. Uma frase que é muito batida, mas que ilustra bem o espírito do que eu tô falando: “não se faz concurso para passar, mas ATÉ passar”. O foco é esse: enquanto você não conseguir o seu objetivo, a jornada não terminou.
Thalita, Muito obrigado pela oportunidade de estar aqui no seu blog. Sem dúvida, aqui é um espaço importantíssimo para quem quer evoluir nos concursos públicos.
Quero mandar um abraço para a minha noiva, os meus familiares e meus amigos. Sem eles não teria sido possível chegar até aqui.
Um abraço especial para todos que nos acompanham no blog ou em qualquer uma de nossas redes sociais.
Agradeço muito a entrevista e deixo essa inspiração a todos! Adorei! Ah e essa é a fanpage do trabalho do Wesley, Bibliothings!
Ranganathan não faz milagre, estudar sim!
Thalita Gama
Adorei a entrevista, muito útil e motivadora.
Obrigada pelo comentário (: